Priscilla Leone (Pitty) nasceu no dia 07 de outubro na cidade de Salvador na Bahia. Filha do comerciante Luiz e da dona de casa Tina, desde cedo se interessa pela música. Dos 10 aos 14 anos de idade mora em Porto Seguro, também no estado da Bahia e é la que aos 12 anos, logo após assistir a um show, que começa a paixão para valer. A partir daí, resolve montar uma banda. Em 1998, Pitty se junta com três amigas (Liz, Carol e Lulu) e forma a banda Shes onde assume a bateria. Para ela, foi um dos períodos mais divertidos de sua vida. Não chegam a gravar nenhum álbum.
No entanto, fazem shows e chegam a fazer algumas fotos para divulgar seu trabalho.




Logo depois conhece Pedro (guitarrista do Inkoma) e faz uma pilha para se tornar a vocalista da banda que eles tanto procuravam. Como toda banda, ensaiam na garagem da casa do batera, tocam em festinhas, gravam demo. O negócio vinga e eles ficam 5 anos na estrada fazendo shows.
Um dos melhores momentos da banda é quando eles gravam uma faixa chamada “Não me Importo” para o CD Traído, um tributo aos Ratos de Porão que conta com a participação de 20 bandas. E finalmente em 2000, lançam o CD Influir que conta com músicas como Revolução Mental, HC e Salve Salvador.
Chegam a se apresentar no programa Musikaos da TV Cultura, apresentado por Gastão Moreira (ex-VJ da MTV). Mas nessa época, Pitty começa a querer seguir outro rumo. Com um bom material nas mãos, fruto de suas composições (muitas delas nascidas em seu quarto em Salvador), ela muda-se para o Rio de Janeiro onde conhece Rafael, produtor musical, também conhecido como batera do Baba Cósmica e por ter apresentado o Quiz MTV.




Começam os primeiros movimentos para gravar o álbum Admirável Chip Novo. Faltavam ainda um guitarrista e um baixista para a gravação, já que o baterista já era certo: Duda. É aí que Pitty convoca Dunga para o baixo e Peu para a guitarra. Aliás, Peu já havia tocado numa banda chamada Úteros em Fúria, cujo vocalista Émerson Boreu morreu no ano de 2004.

Já no estúdio, Pitty ainda conta com a colaboração do produtor musical Liminha, muito conhecido no meio. Ele já produziu grandes clássicos do rock nacional como Cabeça Dinossauro dos Titãs. Além disso, o cantor Paulinho Moska dá sua contribuição na faixa Temporal tocando violão.
Em seguida, juntamente com a banda, Pitty grava o primeiro clipe e a partir de então o sucesso vem à tona. Máscara torna-se um dos clipes mais pedidos de vários programas musicais nacionalmente conhecidos. Sem contar com a forte divulgação em rádios, pois a música também é muito pedida. Em suma, esse clipe tornou-se o seu cartão de visitas e a porta de entrada definitiva no cenário musical.
E os resultados logo começam a aparecer: já em 2003 Pitty é indicada a Revelação no VMB da MTV, mas o prêmio acaba nas mãos dos Detonautas. Depois disso, ela lança outro clipe chamado Admirável Chip Novo, música que dá nome ao CD e também torna-se um sucesso. Um fato curioso é que neste clipe, o guitarrista era outro. Ele se chama Luciano, já que Peu não pode permanecer no Rio de Janeiro, pois ele morava com a esposa e a filha em São Paulo.


Em outubro de 2003, Pitty lança o clipe de Teto de Vidro com a volta de Peu às guitarras (ela resolve morar em São Paulo) e o clipe encerra o ano como o mais pedido do programa Top 20 da MTV.



Depois do plantio, vem a colheita. E em 2004, ela é indicada como Revelação no Prêmio Multishow de Música Brasileira. Como a votação para indicação era pela Internet, houve uma forte campanha aqui no fã-clube para a inclusão de seu nome em uma das categorias. 

Mas a campanha ficou mais acirrada depois da indicação, pois a votação para ganhar o prêmio também era pela Internet. Resultado: Pitty acaba ganhando o prêmio das mãos da apresentadora Hebe Camargo. Nitidamente emocionada, ela dedica o prêmio à banda e a nós que admiramos muito o seu trabalho.
Também em 2004, ela grava o quarto clipe do álbum ACN. Dessa vez a música Equalize é escolhida e curiosamente ela já era um sucesso nas rádios. O clipe rendeu quatro indicações ao VMB, sendo que uma delas a votação era pela Internet. Já o clipe Admirável Chip Novo concorreu na principal categoria chamada Escolha da Audiência.



A noite de 05 de outubro de 2004 vem a ser um marco em sua carreira. Depois de pouco tempo de exposição ao grande público, ficava difícil acreditar que ela levaria algum prêmio do VMB para casa. Entretanto, todos nós do fã-clube jamais deixamos de acreditar que fosse possível. E na categoria Melhor Clipe de Rock na qual concorriam bandas do calibre de Sepultura e O Rappa, Pitty leva a melhor e ganha o primeiro prêmio da noite com o clipe de Equalize.
Porém, o melhor ainda estava por vir. Na categoria Escolha da Audiência, a última e principal do VMB, em que concorrem aproximadamente 20 clipes, ela vence com o clipe de "Admirável Chip Novo" . Um momento indescritível, emocionante. E estas premiações foram fruto da opinião do público, pois estas categorias dependiam de votação pela Internet.
Já no final de 2004, ela ainda encontra tempo para gravar o quinto clipe do seu primeiro CD. A música escolhida foi " Semana Que Vem".





O ano de 2005 começa com mudanças na banda. Peu sai novamente para dar lugar a Martim (ex-Cascadura). Ele entra junto com a Pitty no estúdio para gravação do segundo CD chamado "Anacrônico. Ela repete a parceria com o produtor Rafael Ramos e lança um álbum com 13 canções inéditas.
Na edição do VMB desse mesmo ano, ela coleciona mais alguns prêmios. O primeiro foi o Ídolo MTV. Em seguida, Pitty conquista o prêmio de performance ao vivo junto com a banda Ira! e por fim, ganha na categoria Banda dos Sonhos onde é escolhida como vocalista.



No ano seguinte, Pitty dá prosseguimento a participação dos grandes festivais que acontecem de norte a sul do país. Ela participa novamente das edições do Planeta Atlântica no RS e no Festival de Salvador. Ainda marca presença na edição do Ceará Music. Além disso, é convidada para participar num festival internacional, o Rock In Rio in Lisboa onde ela divide o palco com grandes nomes do rock como Red Hot Chilli Peppers e Roger Waters.
Quanto aos clipes, ela despeja mais dois do ábum "Anacrônico". O primeiro foi "Memórias" que ganhou o prêmio de melhor clipe do Prêmio Multishow de Música Brasileira e o segundo é "Déjà Vú". Aliás, em termos de premiações, 2006 também foi um ano generoso com a Pitty. Depois de ganhar prêmios no Multishow e no canal Nickdleon, ela fatura vários outros no VMB. São eles: Melhor Clipe de Rock, Melhor Site, Banda dos Sonhos (de novo) e o principal da noite, a Escolha da Audiência. De fato, outra noite emocionante e inesquecível para todos nós. 


Desde a infância em Porto Seguro que ela tem seus ouvidos atentos àquela música de potencial subversivo e transformador. Começou com uma fita do conterrâneo Raul Seixas que o pai músico, tocava no seu bar. Passou pelos Beatles e Elvis, ouvidos em casa pela mãe. E chegou aos decibéis do Faith No More, Nirvana eMetallica, contrabandeados com algum inevitável atraso para Porto Seguro por amigos, justo quando ela entrava na adolescência – fase crítica e decisiva, em que começava à alçar vôo na vida. Pitty se lembra bem: “aquela música casou com meu estado de espírito na época. Eu estudava em escola particular e não tinha luxo em casa. Via as meninas com roupa de grife e não entendia como a imagem poderia ser algo tão importante. Isso me levou a me questionar e me convencer de que o melhor é ser eu mesma”.
Década e tantos depois, a convicção ainda está lá em Admirável Chip Novo. “Ninguém merece ser mais um bonitinho”, canta Pitty em “Máscara”, uma das faixas mais pesadas do disco, digna de um álbum do Helmet. Bonita como uma estrela teen, mas com tatuagens, piercings e vestidos pretos que dariam muito assunto num papo com Phil Anselmo, a cantora se sustenta no cenário com som, atitude e discurso. Forma econteúdo se unem no trabalho dessa pequena notável (Pitty foi o apelido que a menina Priscila ganhou por causa da estatura), disposta a mostrar que o tabuleiro da baiana tem muito mais coisas do que a nossa vã imaginação poderia sacar.
Na adolescência em Salvador, a espevitada cantora integrou a banda de hardcore Inkoma, que lançou fita demo, participou de coletâneas e lançou no ano de 2000 o CD Influir. “E o que impressionava não era o fato de eu ser menina, mas o nosso som, que era muito tosco. É claro porém, que rolavam algumas piadinhas”, diz Pitty, que se beneficiou de uma cena roqueira que na época abria brechas no sufoco axé de Salvador, de bandas como Lisergia, Dois Sapos e Meio. The Dead Billies e Brincando de Deus.
Mas como tudo na vida, o Inkoma acabou. Atropelada pelos acontecimentos, Pitty foi a luta. Aprendeu a tocar violão, foi estudar música na escola da Universidade Federal da Bahia (onde Tom Zé, em outros tempos, teve suas lições de música atonal com o maestro Hans-Joachim Koellreutter) e começou a compor. As letras vieram dos diários que mantinha desde a infância – com eles, por sinal, que ela começou a se alfabetizar. Sem a menos das expectativas, numa tarde vazia, Pitty recebeu um telefonema do produtor Rafael Ramos (de discos de Los Hermanos, Raimundos, João Donato, Vídeo Hits, entre outros), que era um dos sócios da Tamborete, selo que lançara o disco do Inkoma, informado de que ela compunha para um possível trabalho solo, Rafael pediu uma fita com as músicas em voz e violão. E o resto... o resto ainda há de ser história.
Para gravar Admirável Chip novo no Rio, nos estúdios Tambor, sob o comando de Rafael, Pitty carregou dois dos melhores músicos de Rock de Salvador: o guitarrista Peu (do Dois Sapos e Meio) e o baterista Duda (do Lisergia), que tiveram até um grupo juntos, o Diga aí Chefe. Com punch e categoria instrumental, eles ajudaram a cantora a moldar aquilo que define como “um apanhado sonoro” de tudo que ouviu na vida. “Teto de Vidro” (“quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedra”) abre o disco com pulsação mental, indignação punk e uma feminilidade que irá surpreender muita gente. Sem refresco, entra em seguida a também faixa-título, que Pitty não esconde, é mesmo inspirada pelo livro Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, um dos escritores favoritos dessa rata de sebo fissurada por ficção científica. Bombardeada de manhã cedo na internet por todo tipo de mensagem publicitária, Pitty anteviu um mundo em que as pessoas haviam se tornado robôs – só ela era capaz de ver a verdade sobre a dominação, como se fosse herói do filme Matrix. Já o filósofo inglês Thomas Hobbes é a referência de outra pedrada do disco, “O Lobo” (“o homem é o lobo do homem”). E um conto de Edgar Allan Poe, sobre a possibilidade de se fazer parar o tempo, deu a partida para a épica “Temporal”, faixa que acabou ganhando uma roupagem a altura de suas intenções: violoncelo de Jacques Morelembaum, violão de Moska e violino de Ricardo Amado, num arranjo cheio de arabescos de Jota Moraes, que não deixa nada a dever a um “Disarm” dos Smashing Pumpkins ou mesmo “Kashmir” do Led Zeppelin.


Apesar de estar cheio de músicas fortes, como “Só de Passagem”, “Semana que Vem”, “Emboscada” e “Do Mesmo Lado”, Admirável Chip Novo abre espaço para Pitty se aventurar numa power balada, “Equalize”, que teve a participação do mutante Liminha no baixo, (nas outras faixas, o instrumento foi tocado pelo onipresente Dunga). Mais uma vez, surpresas: diferentemente de um exemplar comum desse gênero popularizado por Kiss, Scorpions e Bom Jovi, o romantismo não é sinônimo de baba. Ao contrário: o componente mais forte na música é o erótico, expresso em delicadas metáforas. “Não fiz uma música sobre amor, mas sobre sexo”, entrega Pitty. Algo que certamente Avril não escreveria por conhecer ainda pouco da vida, e Alanis por estar mais preocupada em ser zen. Mas Pitty, como de costume, não está nem aí para as comparações. E nem pensa muito no futuro, bem ao estilo Kurt Cobain – o que importa é que o trabalho está feito. “Tudo pode mudar. Eu pulei do penhasco e não sei se o pára-quedas vai abrir. Mas se não abrir, também, tudo bem,” diz.